Dar tempo para ouvir a voz de dentro.
Não a voz de alguém que gosta, dizendo suas qualidades, por que a bem da verdade ouvir é bom, claro que é, mas se não sentirmos, se não acharmos que é verdadeiro no nosso íntimo, de nada adiantará.
Ouvi outro dia uma frase solta sobre construção da autoestima dos filhos, tinha pontos interessantíssimos e fiquei analisando que não tem como ensinar algo, que não se aprendeu.
Que fortalecer os filhos, também precisa passar pelo fortalecimento da mãe, do pai ou outro responsável, cuidador. E essa questão é muito enraizada, tem incontáveis camadas, vai nas gerações, na criação dos avós, bisavós, pais… chegando então ao presente.
A ansiedade rouba o presente e fica presa entre passado e futuro, certo? E a autoestima, seria então movimento?
Vi outro dia uma árvore que nasceu "a contra gosto", que tinha tudo para ser pequena, seu tronco saía do chão como se estivesse caída. Será que tinha ? Contudo, contra as possibilidades humanas, vamos dizer assim, ela estava ali na minha frente cheia de folhas lindas, compridas e um tom de verde vivo, forte da raiz às folhagens.
Acredito que para nós mulheres, para além de falar ou ler, sentir autoestima por si mesma vai de encontro a essa árvore-planta. É uma luta contra o que viveu, ouviu, como foi tratada e vir para o presente, usar as “armas" que tem, da realidade, do sentimento do momento, mas principalmente, do que se deseja ser. E vem a frase do começo: tempo para se ouvir e no seu íntimo saber o que deseja.
Tirei uma foto da árvore-planta (como chamo carinhosamente), quero partilhar ela com você:
Voltando sobre a autoestima da criança, houve um trecho que citava:
"A criança precisa fazer por si mesma, subir em um escorregador, andar de bicicleta. Falarmos quanto é bonita, inteligente, ajuda sim, mas somente se ela fizer algo que olhe para si com orgulho. Que possa fazer, aprender, desenvolver sozinha”.
Filhos, crianças e seu poder pelo "simples" fato de existirem de nos ensinarem sobre amor e além dele.
Vejo cada tijolo, como se fosse uma casa e realmente é: autoestima é morada. Não pode ser feita às pressas e nem de palha, afinal sempre tem um lobo para nos pôr em "xeque".
"Amarás teu próximo como a ti mesmo"
Mateus 22, 39 (LV 19,18)
O livro milenar e atemporal ao meu ver.
Uma reflexão sobre caridade, empatia mas também sobre amor próprio, autoestima… tudo junto.
Sair de si, tocar o outro, mas sempre ter a consciência que precisa estar em si, que é um lugar que o outro não adivinha se não falar o que quer, deseja, espera.
Autoestima. Autoestima.
É de comer, beber, sentir ou ser? Tudo isso e mais um tanto que ainda não sei!
Ficamos nos olhando no espelho e julgando, colocando defeitos, quase todas as vezes.
Achamos linda a roupa da amiga, mesmo sendo igual à nossa! E quando nos elogiam, devolvemos com um:- "Menina foi promoção". "Nossa é velha". "Nem te conto, está com um furo aqui ó..."
Quem nunca? Sim, já respondi isso!
Não saber se elogiar e receber elogio.
Não se notar, não ter estima por si mesma!
Entretanto, como não ter estima por alguém que vive em constante construção e desconstrução? Sim, nós somos assim: mutáveis, felizmente!
Eu sentei, tomei café quente hoje e apreciei o momento, ontem fiz algo diferente disso, dias atrás não sei que gosto tinha o meu café...
Quantos dias passamos sem nos permitir perceber a vida e a beleza que há nos pequenos gestos? Eu já deixei passar anos.
Hoje tenho buscando apreciar, olhar, admirar e ali permanecer. Sem culpa, cobranças ou a mente listando as próximas tarefas.
Escrevo sim, muito do que pratico, mas também do que desejo, almejo fazer ou ser.
Eu não sei nada! Eu sou uma mulher que cresceu sem me amar. Me olhar com carinho, com respeito e gentileza, que aceitou migalhas de atenção, afeto e sorriu agradecendo feliz, porque achava que era tudo que merecia.
Hoje pondero, analiso...mas sem dúvida alguma, hoje tenho mais autoestima por mim, do que já tive em todos esses meus longos e breves anos de vida.
Autoestima ao meu ver, vai além de roupas de grife (as quais nunca fiz questão de conhecer). Vai além de maquiagem, salto alto e sorrir por fora com o coração em lágrimas.
É me permitir sorrir para meu reflexo diante do espelho. Sorrir para mim mesma quando ninguém está olhando ou está por perto (sim, faço isso), olhar meu corpo e ver - e valorizar a nossa história.
É me presentear com flores, bombons, um café quente, uma leitura. É ler filosofia, pedagogia, memes.
Rir de mim e me permitir errar.
É não me deixar esquecer pelo que já passei e logo não posso retroceder! Pausar, respirar e tomar fôlego sim, entretanto, não soltar o muito que conquistei: estima e respeito por mim mesma!
Quem sabe na sua pausa…
Este filme Felicidade por um fio um trecho do trailer e:
“Mulheres podem usar perucas. Podem alisar se quiserem. É uma escolha, não há nada de errado nisso. Mas precisamos saber que nosso cabelo natural é bonito. ”
Este filme teve um impacto imenso na minha transição capilar. Poucos meses após meu primogênito nascer, eu tive que cortar o cabelo e então, eu descobri como verdadeiramente eles eram. Que libertador, alias, ainda é! Lembra tijolo por tijolo? Pois é, eu ainda estou construindo minha morada com satisfação e respeito.
“Nunca deixe que a opinião negativa de alguém sobre você se torne a sua realidade.”
Que se torne um hábito fazer algo que gosta ou relembrar o que te traz satisfação.
Meu convite semanal: pausa, encontro, seu reencontro.
Até semana que vem, abraço!
Raquel Francisco
O filme ‘Felicidade por um fio’ me marcou demais. Assisti mais de três vezes na época em que cortei o cabelo curtinho para assumir os cachos e - sabemos - para assumir a vida que eu quero viver. Obrigada pela edição!
Ate breve!
Que perfeito!!! É tijolo mesmo… e é uma construção sem fim!! Todo dia precisamos colocar um tijolinho novo ou levantar um outro que caiu!!!
Que possamos fazer isso com muito carinho e satisfação!!!!
Parabéns viu, por saber tocar tão delicadamente um tema tão relevante, vc é incrível!!! 😍